Tomada de decisão médica: o que influencia e o que deve ser considerado?

Richard Riviere
5 de abril de 2023
Seta apontando para baixo.

A tomada de decisão médica é influenciada por uma série de fatores biológicos, sociais e psicológicos, e deve ser feita de forma racional, com base em dados e experiências, não apenas com a intuição ou a busca de soluções rápidas.

Um estudo sobre o processo de tomada de decisão na prática clínica afirma que o pensamento médico é pouco discutido e valorizado na graduação de medicina nas universidades.

O artigo afirma que, muitas vezes, a tomada de decisão é vista como intuitiva, o que simplifica uma prática complexa e nobre como é a medicina. Dê uma olhada em um trecho retirado do estudo:

“É de extrema importância para a classe médica adquirir uma autoconsciência de sua prática a fim de detectar os erros que a leva ser alvo de processos pelos pacientes e para que se ofereça um melhor serviço à sociedade.”

Neste artigo você vai aprender o que define uma tomada de decisão médica, como ela é influenciada e o que você deve considerar ao fazer suas escolhas. Continue a leitura!

O que é a tomada de decisão médica?

A expressão “tomar uma decisão” refere-se ao processo no qual se escolhe entre duas ou mais ações possíveis. Ou seja, é o fluxo de pensamento no qual analisamos um conjunto de informações para entender nossas possibilidades e escolher a que faz sentido para nós.

Talvez você esteja pensando que fazer uma escolha é algo que só acontece com grandes decisões, como escolher trocar de carreira, mudar de cidade, fazer uma pós-graduação, abrir uma clínica, entre outras.

A verdade é que nós fazemos escolhas todos os dias e a todo momento. Inclusive, há o paradoxo da “não escolha”: não escolher também é tomar uma decisão. 

Imagine que você esteja em dúvida sobre qual impressora comprar. Está entre dois modelos famosos no mercado e não sabe como desempatá-los. Como está com o “dia corrido”, decide ver isso depois, no final de semana.

Apesar de você não ter escolhido entre os dois modelos, tomou a decisão de não fazer nada, o que ainda é uma escolha.

A tomada de decisão médica é o processo aplicado pelo médico com o objetivo de resolver um problema de saúde com base em seu conhecimento técnico e experiência. 

A propedêutica clássica, composta pela anamnese, exame físico e exames complementares, é um ótimo exemplo de um instrumento de apoio nessa tomada de decisão.

Tomar decisões baseadas em dados é fundamental em qualquer área, mas principalmente na medicina, pois estamos lidando com vidas e as decisões informatizadas aumentam a probabilidade de melhor desfecho para os casos clínicos. 

O que influencia a tomada de decisão médica?

São vários os fatores que influenciam na tomada de decisão médica, mas é fundamental começar pelos dados individuais do paciente, ou seja, aqueles obtidos pela anamnese, exame físico, exames complementares, entre outros procedimentos.

Essas informações devem ser agrupadas e organizadas minuciosamente, com uma lógica que justifique as manifestações clínicas, como listar os sintomas, os resultados dos exames e a hipótese diagnóstica

A tomada de decisão, como os profissionais de saúde sabem muito bem, pode ser dificultada devido a informações incompletas, falta de acesso ao histórico do paciente, escassez de recursos, entre outros obstáculos. 

O processo que visa reduzir a incerteza e simplificar raciocínios complexos é chamado de atalhos cognitivos ou atalhos heurísticos. Eles dependem de um excelente conhecimento técnico sobre a epidemiologia e história natural das doenças.

Os métodos heurísticos reduzem o que chamamos de “racionalidade limitada”, na qual as pessoas buscam soluções rápidas para seus problemas, sem levar em consideração se as respostas são verdadeiras. 

Por exemplo, um médico especialista pode analisar os sintomas do paciente e relacionar automaticamente em uma doença rara, devido sua especialidade, sem considerar outras doenças comuns, que podem ser consideradas mais facilmente por um médico generalista.

O inverso também pode acontecer, como uma doença rara não ser considerada porque o paciente é jovem ou os sintomas estão relacionados não apenas a uma única doença, mas a uma série de outros fatores.

O que deve ser considerado na tomada de decisão médica?

O primeiro conceito que deve ser considerado em uma tomada de decisão médica é o fato de que muitos fatores são inerentes ao médico. Isso significa que eles vão além da formação técnica e a prática.

A exaustão, desgaste físico e mental, rotinas pesadas de trabalho, autoconfiança, instabilidade financeira, desmotivação, todos esses fatores podem influenciar na tomada de decisão, pois as consultas podem ficar mais apressadas.

Quando essas características se acumulam, o médico pode sofrer da Síndrome de Burnout, a doença que representa o extremo da exaustão profissional. 

Normalmente, ela acontece quando o profissional se dedica tão intensamente que não cuida de suas necessidades pessoais, como o cuidado com a saúde, o convívio social e a estabilidade emocional.

Negar os problemas, se dedicar exclusivamente ao trabalho, mudanças extremas de comportamento, vazio interior, entre outros sintomas e comportamentos, também podem estar relacionados à depressão, entre outras doenças graves.

O estudo citado no início do artigo traz o dado que aproximadamente 30% a 40% dos médicos dos Estados Unidos sofrem com a Síndrome de Burnout, o que aumenta erros médicos e prejudica a relação médico-paciente. 

Além de considerar o estado do médico, também não podemos deixar de lado as questões relacionadas ao paciente.

A habilidade de informar de forma precisa quais são seus sintomas, ter seu histórico médico organizado e completo, conseguir seguir todas as orientações médicas, ter condições financeiras, entre outros fatores, estão conectados ao paciente. 

Quando o paciente não consegue seguir o tratamento, tem uma deficiência ou não é capaz de arcar com os custos, todo o cuidado com a saúde é prejudicado, e tudo isso deve ser levado em consideração na tomada de decisão médica. 

O ideal é que o médico consiga construir uma relação de confiança e transparência com o paciente, para que ambos consigam se dedicar completamente a consulta e coletar todos os dados necessários para uma tomada de decisão assertiva.

Neste artigo você aprendeu o que é a tomada de decisão médica, como ela é influenciada e o que deve ser levado em consideração. Caso tenha gostado do conteúdo, não deixe de acompanhar as novidades do nosso blog.

Richard Riviere

Especialista em Saúde Digital, CEO e Co-Fundador da Versatilis System, o sistema de gestão DEFINITIVO das clínicas do Brasil.

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