O movimento Slow Medicine começa a discutir a busca desenfreada pela “saúde adicional” e o excesso de pré-doenças. Saiba mais!
A Slow Medicine é um movimento que surgiu na Itália, em 2011. Em tradução, pode-se entendê-la como medicina sem pressa ou medicina lenta, e seu maior objetivo é valorizar a escuta, o diálogo e o compartilhamento de decisões com os pacientes.
Agora, o livro Slow Medicine – sem pressa para cuidar bem, dos autores médicos Ana Coradazzi e André Islabão, reacende debates importantes relacionados ao tema. O médico italiano criador do método, Marco Bobbio, foi quem redigiu o prefácio. Segundo ele:
“Nas últimas décadas, temos assistido a um aumento de profissionais de saúde […] aplicando indiscriminadamente os mesmos protocolos a jovens e idosos, homens e mulheres, prescrevendo exames e medicamentos sem uma avaliação criteriosa do paciente”.
Quais são os conceitos de Slow Medicine abordados no livro?
Segundo os autores, é importante reconhecer que, naturalmente, os seres humanos perdem algumas funções ao longo de seu envelhecimento e nem sempre é preciso instituir tratamentos.
Com a Slow Medicine, o objetivo é ter bom senso para reconhecer quando uma manifestação é patológica e quando faz parte desse processo de envelhecimento natural.
Nesse sentido, três conceitos abordados na obra são:
- Saúde positiva: a “medicina lenta” defende que a saúde vai além do corpo físico. Dessa forma, indivíduos com limitações físicas podem se sentir saudáveis e bem-dispostos, apesar de suas condições. Por outro lado, na medicina tradicional, a pessoa só é saudável se não apresenta nenhum sinal de doença.
- Excesso de pré-doenças: atualmente, existem vários rótulos que os profissionais atribuem a indivíduos saudáveis querendo diagnosticar e antecipar o tratamento de doenças. No entanto, muitas condições chamadas “pré-doenças” nunca evoluirão para se enquadrar no diagnóstico oficial.
- Saúde adicional ou saúde em excesso: existe uma indústria bilionária lucrando por trás de pessoas que buscam a saúde adicional. Esse mercado explora a ânsia sem limites pela aptidão física.
Além disso, para a Slow Medicine, a história de vida do paciente também importa, assim como a “desprescrição”. Assim, seria necessário avaliar de forma criteriosa cada medicamento e retirar gradualmente todos os que não fossem essenciais.
Para os autores, respeitar a autonomia do paciente e colocá-la no papel de protagonista de sua própria saúde só tende a beneficiar a relação médico-paciente.
Saiba mais em: G1 BEM-ESTAR.