Uma passagem de plantão bem executada é fundamental para garantir a continuidade do cuidado e a segurança do paciente dentro de qualquer instituição de saúde.
Durante a rotina médica, em que o tempo é escasso e a pressão é constante, é comum que a passagem de plantão se torne apenas um procedimento automático.
Mas esse é um momento crítico, em profissionais transferem informações essenciais para outros, e qualquer falha nesse processo pode resultar em erros de conduta, atrasos em intervenções ou até eventos adversos.
Assim, aprimorar essa passagem é uma questão de segurança assistencial e responsabilidade profissional.
Uma passagem de plantão estruturada, clara e padronizada favorece a troca segura de informações, fortalece a integração entre equipes e contribui para um ambiente clínico mais colaborativo.
Para que você e sua equipe possam elevar o padrão de qualidade desse momento essencial, neste artigo vamos explorar as melhores práticas, protocolos e ferramentas que tornam a passagem de plantão mais eficiente, segura e humanizada.
Vamos começar!
O que é a passagem de plantão e por que ela é tão importante
A passagem de plantão é o processo de comunicação estruturada entre equipes médicas e multiprofissionais que ocorre na troca de turnos.
O objetivo é transmitir informações sobre o estado clínico, condutas adotadas e pendências assistenciais dos pacientes.
Segundo um conteúdo da Coren de São Paulo:
“A Joint Commission Internacional (JCI) institui a utilização de ferramentas de transferência do cuidado como estratégia […] para favorecer o processo de comunicação verbal e escrita entre os profissionais de saúde.”
Mais do que uma formalidade, ela é um ponto de segurança no cuidado: uma passagem mal realizada pode gerar falhas de continuidade, duplicação de procedimentos, atrasos em diagnósticos e, em casos extremos, eventos adversos graves.
Erros mais comuns na passagem de plantão
Mesmo em equipes experientes, alguns deslizes são frequentes e comprometem a qualidade da comunicação. Os principais são:
- Falta de padronização: cada profissional transmite as informações à sua maneira, o que gera lacunas e inconsistências.
- Ambiente inadequado: passagens feitas em locais ruidosos, com interrupções, aumentam o risco de omissões.
- Foco excessivo em detalhes irrelevantes: dispersa a atenção e atrapalha a priorização das informações críticas.
- Ausência de registro formal: a falta de documentação dificulta rastreabilidade e responsabilidade compartilhada.
- Comunicação unilateral: quando o médico que assume o plantão não faz perguntas ou confirma informações.
Reconhecer esses erros é o primeiro passo para adotar uma rotina de passagem estruturada, segura e objetiva.
Como fazer uma passagem de plantão eficiente
A passagem de plantão eficiente é aquela que assegura a continuidade do cuidado, evita falhas de comunicação e promove uma transição tranquila entre profissionais e equipes.
Para alcançar esse padrão, é preciso adotar protocolos estruturados e rotinas padronizadas, garantindo que nenhuma informação importante se perca no processo.
A seguir, apresentamos práticas fundamentais para tornar esse momento mais seguro e produtivo:
1. Utilize um modelo de comunicação estruturada (SBAR)
A comunicação estruturada é a base de uma boa passagem de plantão. Entre os modelos existentes, o SBAR é o mais reconhecido internacionalmente por sua objetividade e clareza. Ele organiza as informações clínicas em quatro etapas:
- S – Situação: descreva de forma direta o estado atual do paciente. Exemplo: “Paciente de 68 anos, pós-operatório de laparotomia, apresenta dor abdominal intensa e febre nas últimas 6 horas.”
- B – Background: informe o histórico clínico relevante, comorbidades, medicações em uso e condutas já adotadas.
- A – Avaliação: apresente a avaliação médica atual, como sinais vitais, exames recentes e hipóteses diagnósticas.
- R – Recomendação: detalhe o que deve ser feito a seguir: exames pendentes, ajustes terapêuticos ou pontos de atenção.
Esse formato reduz ruídos de comunicação, torna o raciocínio clínico mais transparente e assegura a transmissão de todas as informações críticas de maneira completa e padronizada.
2. Escolha o ambiente adequado
Em seguida, o ambiente em que a passagem ocorre influencia na qualidade da comunicação.
Por isso, evite locais com ruídos, circulação intensa ou interrupções constantes. Sempre que possível, realize a passagem de plantão em um espaço reservado, com acesso aos prontuários eletrônicos e aos sistemas da instituição.
Ambientes tranquilos favorecem a concentração, diminuem erros de escuta e reforçam o caráter profissional e sigiloso do processo.
3. Estabeleça tempo e sequência
Não é recomendado realizar a passagem de plantão às pressas. Assim, definir tempo e sequência padronizados ajuda a manter a objetividade e evita a omissão de informações importantes.
Uma boa prática é iniciar pelos pacientes mais críticos, seguidos pelos casos de média complexidade e, por fim, pelos estáveis. Essa priorização garante que os casos de maior risco recebam atenção redobrada e evita sobrecarga de informações no final do plantão.
Além disso, é recomendável que o mesmo profissional conduza a passagem, especialmente em plantões com múltiplos setores, garantindo consistência e evitando duplicidade de dados.
4. Incentive o diálogo
A passagem de plantão não deve ser uma comunicação unilateral. Um erro comum é tratar o momento como mera leitura de informações. Na prática, é essencial promover interação entre o profissional que sai e o que assume.
Por isso, estimule perguntas, esclarecimentos e repetições de pontos críticos. Essa troca ativa garante entendimento mútuo e reduz o risco de falhas de interpretação.
Uma técnica eficaz é o “read-back”, ou seja, o profissional que assume repete, com suas próprias palavras, as informações principais recebidas. Essa confirmação simples é uma ferramenta poderosa de segurança.
5. Registre tudo de forma adequada
A comunicação verbal, por si só, não é suficiente. É preciso acompanhar toda passagem de plantão em um registro formal, preferencialmente no prontuário eletrônico.
Nesse sentido, o registro garante rastreabilidade das informações, segurança jurídica e continuidade assistencial, permitindo que qualquer membro da equipe consulte o histórico de condutas e decisões tomadas durante os turnos anteriores.
Sistemas médicos digitais, como o Versatilis System, facilitam essa etapa ao permitir o registro de informações e acesso rápido ao histórico clínico de cada paciente, reduzindo o risco de erros.
Em suma, fazer uma passagem de plantão eficiente exige mais do que boa vontade: requer organização, clareza e compromisso com a segurança do paciente.
Desse modo, adotar protocolos como o SBAR, estabelecer um ambiente adequado e utilizar ferramentas tecnológicas de apoio são atitudes que refletem profissionalismo e responsabilidade médica.
Uma passagem de plantão bem estruturada é, acima de tudo, um ato de cuidado.
O papel da tecnologia na passagem de plantão
O uso de sistemas médicos digitais tem revolucionado as passagens de plantão. Com essas plataformas, é possível:
- Ter um acesso rápido e atualizado ao prontuário eletrônico do paciente;
- Manter o registro padronizado das informações do plantão;
- Estabelecer uma comunicação segura entre equipes e especialidades;
- Receber alertas automáticos sobre interações medicamentosas;
- Reduzir erros e retrabalho.
O Versatilis System, por exemplo, oferece recursos específicos para a integração de dados clínicos e administrativos em tempo real.
Isso garante que todos os profissionais envolvidos tenham acesso às mesmas informações, facilitando a continuidade do cuidado e a tomada de decisão clínica.
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Conclusão
Em resumo, a passagem de plantão é um ato de responsabilidade e compromisso com a segurança do paciente. Quando bem executada, ela fortalece o trabalho em equipe, reduz riscos e garante a continuidade da assistência com qualidade.
Investir em protocolos padronizados e tecnologia de apoio é uma decisão estratégica que beneficia tanto os profissionais quanto os pacientes. Afinal, uma comunicação eficiente é a base de uma medicina mais segura, humana e integrada!
