Chip inovador faz pessoas com degeneração macular voltarem a enxergar. Entenda como funciona o implante e os resultados dos estudos clínicos.
Uma nova tecnologia pode devolver a esperança a quem perdeu parte da visão por causa da degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
Isso porque pesquisadores desenvolveram um microchip que, combinado a óculos especiais, mostrou resultados promissores em estudos internacionais, com melhora visual em mais de 80% dos pacientes acompanhados por um ano.
O dispositivo, batizado de sistema Prima, é implantado na retina e funciona com um óculos equipados com uma câmera. Em seguida, essa câmera capta imagens do ambiente e as envia para um processador portátil, que aprimora os dados e os devolve ao chip.
O implante, então, converte essas informações em impulsos elétricos, estimulando as células remanescentes da retina para que o cérebro consiga interpretar as imagens.
Segundo o oftalmologista Frank Holz, da Universidade de Bonn, o resultado marca um avanço inédito na área: é a primeira vez que se comprova a restauração parcial da visão em uma região da retina que estava completamente comprometida.
Nesse sentido, a DMRI atrófica é uma das principais causas de perda visual em idosos, afetando cerca de 5 milhões de pessoas no mundo.
A doença deteriora a mácula, parte central da retina responsável por enxergar detalhes, e, até hoje, não havia tratamento capaz de reverter o dano.
Como funciona o chip que devolve a visão?
O implante foi desenvolvido por Daniel Palanker, da Universidade Stanford (EUA), em parceria com o pesquisador francês Jose-Alain Sahel, da Universidade de Pittsburgh.
O chip tem o tamanho da cabeça de um alfinete e substitui as células fotossensíveis que morreram, simulando o processo natural de captação de luz dos olhos.
Mas para que o dispositivo funcione, é necessário que parte das células da retina ainda esteja ativa. Caso toda a área esteja danificada, o chip não consegue transmitir as informações visuais ao cérebro.
Além do implante, o tratamento inclui um programa de reabilitação que pode durar até 12 meses.
Nesse período, os pacientes aprendem a utilizar a câmera dos óculos e o processador de imagem de forma eficaz, readaptando o cérebro a interpretar os estímulos luminosos.
Resultados promissores e próximos passos
Centros especializados nos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Itália conduziram os testes clínicos.
Após 12 meses, os voluntários conseguiram identificar letras, ler números e até reconhecer palavras, com uma melhora equivalente a cinco linhas em tabelas oftalmológicas padrão.
Embora o procedimento de implantação seja considerado complexo, ele já foi realizado com sucesso por diferentes cirurgiões em 13 centros de pesquisa. Esses resultados mostram que é possível aplicar a tecnologia em larga escala.
Em 2024, o projeto enfrentou dificuldades após a falência da empresa que produzia o sistema, mas a Science Corporation, dos Estados Unidos, assumiu o desenvolvimento e atualmente busca aprovação da FDA e certificação CE para uso na Europa.
O objetivo é garantir que o tratamento seja acessível em diversos países e que cirurgiões oftalmológicos possam realizar a implantação de forma segura.
Uma nova esperança para milhões de pessoas
Mesmo com limitações, o chip Prima representa um marco para a medicina ocular. Ele recupera parte da visão perdida e devolve autonomia e qualidade de vida a pessoas que viviam com baixa visão.
Para muitos pacientes com degeneração macular, esse avanço significa algo além da tecnologia: a possibilidade de enxergar o mundo novamente.
Saiba mais em: G1 Saúde.





