Mortes por fentanil aumentam 9.000% entre idosos nos EUA. Estudo revela nova fase da crise dos opioides e alerta para riscos e prevenção nessa faixa etária.
As mortes por overdose entre pessoas com 65 anos ou mais vêm crescendo de forma alarmante nos Estados Unidos.
Segundo um estudo apresentado no encontro anual da ANESTHESIOLOGY, os óbitos relacionados ao consumo de fentanil com estimulantes, como cocaína e metanfetaminas, aumentaram 9.000% nos últimos oito anos.
Assim, o dado acende um alerta sobre um problema que até pouco tempo era associado quase exclusivamente a jovens adultos.
Uma nova fase da crise dos opioides
Pesquisadores apontam que o uso combinado de fentanil e estimulantes marca a chamada “quarta onda” da epidemia de opioides nos Estados Unidos.
Nesse sentido, desde os anos 1990, a crise evoluiu por diferentes fases, começando com analgésicos prescritos, passando pela heroína e pelo próprio fentanil puro, até chegar ao cenário atual de policonsumo, no qual múltiplas substâncias estão envolvidas.
Segundo os autores do estudo, os idosos estão cada vez mais expostos a esse risco devido a fatores como uso de múltiplos medicamentos, doenças crônicas e metabolismo mais lento. Tudo isso torna os efeitos das drogas ainda mais perigosos nessa faixa etária.
Dados que revelam uma tendência preocupante
A pesquisa analisou mais de 400 mil certificados de óbito registrados pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) entre 1999 e 2023. Nesse período, 17 mil mortes foram de pessoas com 65 anos ou mais.
Entre 2015 e 2023, os óbitos envolvendo fentanil entre idosos saltaram de 264 para 4.144, um aumento de 1.470%.
Além disso, o número de casos em que o fentanil foi misturado a estimulantes cresceu de 8,7% para 49,9%, o que representa a alta de 9.000% mencionada pelos especialistas.
Cocaína e metanfetaminas foram as substâncias mais frequentemente associadas, superando álcool, heroína e ansiolíticos como Xanax e Valium.
A importância da prevenção e do cuidado médico
Os pesquisadores reforçam que as overdoses em idosos raramente envolvem apenas uma substância. Por isso, é fundamental que médicos e familiares estejam atentos a sinais de uso indevido de medicamentos e às possíveis interações entre drogas.
Especialistas recomendam estratégias de redução de danos, como:
- Incluir familiares e cuidadores em orientações sobre o uso de naloxona (antídoto para overdose);
- Simplificar esquemas de medicação e rotular de forma clara os frascos;
- Avaliar o histórico de uso de estimulantes antes de prescrever opioides;
- Considerar alternativas não opioides no tratamento da dor.
Um alerta para profissionais e familiares
Para os autores do estudo, o crescimento das mortes por fentanil entre idosos é um sinal de que a crise dos opioides não é exclusiva dos mais jovens.
“É essencial reforçar a educação dos pacientes e revisar regularmente as prescrições para evitar tragédias”, destacou o anestesiologista Richard Wang, da Rush University, um dos pesquisadores envolvidos.
Com o envelhecimento da população e o fácil acesso a substâncias ilícitas, o desafio de conter essa “quarta onda” da epidemia se torna ainda mais urgente, exigindo atenção redobrada de profissionais de saúde, gestores e familiares.
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